quinta-feira, 7 de março de 2013

por causa daquilo das 1000 calorias

Lizzie Miller, plus size model
A propósito da questão de comer pelo menos 1000 calorias por dia (ver post abaixo, dica n.º 3), lembrei-me dos disparates e maldades que já fiz ao meu corpo, graças aos quais hoje em dia me é muito mais difícil emagrecer.

Eu não sei se como 1000 calorias por dia - simplesmente porque não as conto uma a uma. Tenho uma vaga noção das calorias dos alimentos, do que tem mais açúcar e gordura (sendo por isso de evitar) e do que é saudável e que importa reforçar. Mas não conto as calorias de cada refeição, não faço ideia das calorias que tem o que acabei de almoçar: perna inteira de frango cozida + 2 colheres sopa de esparguete + espinafres crus com orégãos agora já sei porque como estava a escrever sobre isso fui ver: tem cerca de 190 calorias (110 carne + 70 esparguete + 10 espinafres)! Super hipocalórico, não fazia ideia. Sei que é saudável porque a carne é branca, foi cozida sem gordura, só em água, um pouco de sal e tomilho, o esparguete idem e foi pouca quantidade e os espinafres são folhas verdes (com as quais enchi metade do prato), logo muito saudáveis e hipocalóricos.

E o ponto é mesmo esse: nesta "dieta" que não é uma dieta no sentido temporário, mas uma verdadeira reeducação alimentar que estou a fazer, não me privo de nada do que goste. Mas de nada mesmo! Vocês sabem que na Terça-feira jantei 1/4 de francesinha e batatas fritas e que muitas vezes como um quadradinho de chocolate depois do almoço. A questão está mesmo nas quantidades! Cinco batatas em vez de todas, um quadrado de chocolate em vez de uma tablete, uma bolacha em vez do pacote e por aí em diante. Se for comer gordices, será em muito pouca quantidade senão lá se foi a dieta e uma semana inteira de esforço pró galheiro. Então o segredo é esse: comer de tudo um pouco, em quantidades inversamente proporcionais ao seu potencial engordativo - aí está a fórmula matemática do emagrecimento ;) 

Mas nem sempre pensei assim. No início de 2011, estava com 83 quilos (ironicamente onde agora, que estou com 84 e meio, tento chegar) e desesperada pois era o meu peso mais alto em muito tempo. Recomendaram-me a dieta Lev como sendo um milagre - hipocalórica, mas não se passava fome, cheia de docinhos e coisas saborosas, a perder até 3,5 quilos por semana. "Espera lá", pensei eu a achar que tinha descoberto a pólvora - "é mesmo isto!"

Fui à primeira consulta e vim de lá toda animada, com a alma e a carteira mais leves - em comida para 10 dias e suplementação, deixei lá mais ou menos (já não me recordo bem, mas foi por aí) 300 euros. Pumba! Mas pensei "bom, se é assim tão eficaz vamos lá, há-de vale a pena o investimento!".

Não valeu. Gastei cerca de 1500 euros na primeira fase, só na dieta (porque além disso depois compram-se os legumes, que, como sabem, não são propriamente a coisa mais barata do supermercado). Perdi a minha vida social porque não se pode comer nada do que os outros comem. Deixei de ir a festas de anos, serões em família e jantar com amigos ao fim-de-semana. As comidas, que no início até não são nada más (embora tenham SEMPRE um sabor a sintético que fica no final, bem se nota que é tudo muito processado - vindo em saquetas de pó, nem tinha como não LOL), passado uma semana começam a enjoar e a saber tudo ao mesmo. A suplementação é uma tortura, tem de se andar para todo o lado com uma catrefada de ampolas e comprimidos. Passa-se MUITA fome. Tem-se dor de cabeça, por causa do processo cetónico. Morre-se de desejo de um pãozinho. De uma fruta. De uma fatia de queijo. Tem-se muito sono e cansaço. Apesar disso, andava contente da vida, pois de facto a dieta cumpre o que promete: em 40 dias (o período da primeira fase) perdi 11 quilos! Estava com 72, já fora da obesidade e num tamanho em que me sentia confortável.

Na segunda fase era suposto começar a comer carne e peixe, e depois na terceira já a ter uma alimentação "normal" e completa. Como sentia todos aqueles inconvenientes que mencionei, além da questão económica, pois realmente é um regime muito pesado a esse nível, decidi tomar as rédeas do emagrecimento e informei que já não faria a segunda fase com a Lev, que começaria a fazer uma dieta convencional, como a que fiz aos 16 anos e com a qual perdi 14 quilos, enfim, como a que faço agora.

Estava à espera que o peso estagnasse durante uns tempos - afinal estava a passar de me alimentar a saquetas de pó e legumes verdes (não, não são todos, só os autorizados) para comer de tudo um pouco, em quantidades razoáveis, várias vezes por dia, relaxando um pouco ao fim-de-semana, etc. e tal. Pois o peso não só não estagnou, como voltou. TODO. Do nada e de repente. 40 dias para o perder, 30 para o ganhar, e mais algum. No Verão estava outra vez obesa.

A alimentação super hipocalórica da Lev (pode-se chegar a comer tão pouco como 500 calorias por dia, uma barbaridade!) transformou o meu corpo num "poupadinho", num "armazenador" - cada pãozinho, cada fruta, cada iogurte, cada fatia de pizza ou biscoito (porque também fazem parte da vida e quem disser que deixou de os comer para sempre, lamento informar que não vai ser assim)- iam directamente para as minhas queridas células adiposas, aflitas e em pânico por terem sofrido um tratamento tão radical. Em vez de o meu organismo estar tranquilamente a gastar e absorver as calorias normalmente, guardava tudo tudinho, com medo que lhe voltasse a faltar.
De maneira que, como já expliquei quando contei a minha história, durante praticamente dois anos, não consegui emagrecer.

Até admito (embora pessoalmente não acredite, pois acho que assim que a pessoa deixa de ser acompanhada e passa a comer de tudo, o que me aconteceu a mim vai mesmo acontecer a todos) que, para quem tiver pachorra e dinheiro para fazer as fases todas da dieta, não comer comida normal quase nenhuma durante tanto tempo, ter sempre que estar a dizer "vou lá ter", "Mãe, por favor não faças isso que não posso comer", "não posso jantar em tua casa" e a sentir-se um trapo de cansaço a coisa possa dar-se, no sentido em que começa a comer normalmente de forma gradual...eu pessoalmente não conheço ninguém que, um ano depois de fazer este tipo de dietas - falo da Lev porque é a minha experiência pessoal, mas quem diz Lev diz Dukan, Atkins, dieta da sopa, da seiva e por aí em diante - não tenha recuperado peso.

Dietas radicais, para mim, nunca mais! Nós conseguimos, temos a força, a vontade e a capacidade para o fazer! Basta querer. Querer mesmo! ;)

8 comentários:

  1. Li o teu post atentamente e concordo plenamente. Todas nós, neste processo, começamos por cometer sempre os mesmo erros. Tomamos a decisão de emagrecer e lá vamos nos todas contentes fazer aquelas dietas milagrosas que prometem emagrecer não sei quantos kg logo na primeira semana. E é uma verdade, nós ate podemos emagrecer, mas não aguentamos muito tempo o facto de nos termos de privar de alimentos que, comidos nas quantidades certas, não prejudicam em nada a perda de peso.
    O nosso corpo fica com tanta falta desses alimentos que ao fim de um tempo, acabamos por não aguentar mais e sucumbimos à tentação e lá vêm os kg todos outra vez.
    Por isso concordo com o que escreveste, e cada vez mais me convenço que a reeducação alimentar é a melhor forma de perder peso a longo prazo =)
    Beijinhos

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    1. Obrigada pelo teu comentário, pelo apoio e pela paciência para ler o enorme post ;) Beijinhos

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  2. Queremos tudo depressa demais. Não fiz a Lev, mas fiz a Dieta 10 em 2007. Retiram-me a fruta toda e deram-me uns suplementos. Passei fome. Tive ansiedade. Verdade seja dita que perdi 8 kg na altura. Aguentei-me durante um ano magra e gira. Depois os 8 que perdi voltaram e mais 9 como presente.
    Tenho mesmo que rir disto.
    Hoje vou nas calmas e deixei-me de maluquices.
    Reduzir as quantidades. A vida é para se viver todos os dias aos poucos.

    Beijinho

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    1. É mesmo Maria!obrigada por contares a tua experiência,eu quando recuperei o peso fiquei-me a sentir pessima,é bom saber que não estou sozinha nesta.luta :-) beijinho

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  3. adorei este teu testemunho, muita gente devia vir aqui ler-te! obrigada!
    eu também sou a favor da reeducação alimentar e a isso devo, não apenas os 25kg perdidos, mas o facto de estar estável há quase 4 anos, isso sim é aprender a comer!
    óptimo post!

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    1. Oh Tralhas de Mulher, até me fizeste corar ;) Muito obrigada. É um testemunho 100% sincero, como tudo o que venho escrevendo por aqui. Muitos parabéns pelos teus resultados, são formidáveis! Boa semana :)

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  4. Bom dia, sei que isto já foi publicado a algum tempo mas gostava de aqui deixar o meu testemunho também. Eu acabei a dieta da Lev há 20dias. Ainda não cheguei a ganhar 1kg.. Não gastei tanto dinheiro (como os 300€ que disseste por 10dias) mas claro que em muitas coisas concordo contigo! Foi muito cara, enjoei da comida na primeira fase (que comigo foram só 30dias), e ainda hoje me sinto muito cansada e com falta de energia e concentração. Mas nunca senti fome durante toda a dieta e eles continuam a seguir-me de 20 em 20 dias..
    A verdade é que no fim de ler o que escreveste estou apavorada! Será que vou voltar ao que era??

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    1. Olá anónima!Espero bem que a tua experiência seja diferente da minha,que consigas manter os teus resultados na íntegra!o meu testemunho é 100% honesto,relata o que aconteceu comigo,que assim que voltei a comer normalmente ganhei o peso todo de volta,mas repara que eu também disse que só fiz a primeira fase. Se calhar se tivesse continuado a ser seguida teria mantido por mais tempo,quem sabe. De todo o modo não recomendo esse tipo de dietas,primeiro porque não ensinam a comer e depois porque deixam o corpo num tal estado de privação que tudo o que se coma depois é absorvido o metabolismo fica destruído,etc. Mas eu ainda hoje uso snacks da Lev (aqueles chocolates e mousses e bolachas que eles têm) para enganar a vontade de doces e nisso tenho tido bons resultados. Acho é que continua caríssima,fui lá comprar meia dúzia de snacks e deixei lá duzentos euritos. A melhor das sortes para ti!

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